A explosão emocional, mais conhecida como “birra infantil”, abala muitas crianças ao longo da infância e é necessário discutir sobre isso. Alguns pais ao se depararem com situações semelhantes a essa, não sabem como agir e é por isso que vamos dar algumas dicas de como atuar nesses momentos.
A birra ocorre quando a criança tenta expressar suas emoções através de choros, gritos e até mesmo movimentos bruscos (por exemplo: se jogar no chão e espernear). Para alguns pais, a birra é caracterizada como “frescura”, porém nem sempre isso é verdade. Portanto, confira alguns passos para lidar com a birra:
1-Identificar o motivo dela
As crianças, ao contrário dos adultos, não conseguem expressar claramente em palavras o que estão sentindo e o porquê estão se sentindo daquela forma. Por isso, encontram no choro e no grito, caminhos para se expressar. Dessa forma, é dever dos pais assumirem o papel de mediadores da situação.
Antes de brigar ou gritar com a criança, tente acalmá-la e peça para que ela explique o motivo do choro. Caso a criança não consiga falar em razão do nervosismo ou por ainda não ter desenvolvido a habilidade da fala, peça para que tente desenhar, fazer gestos ou simplesmente a acalme com suas palavras e instruções. Pode não parecer fácil, porém é necessário desenvolver a paciência e o controle diante dessas situações.
2-Comunicação não violenta
Após identificar (ou pelo menos tentar) o motivo do estresse da criança, converse com ela de forma pacífica e acolhedora, sem brigar ou gritar, se estressar só irá piorar a situação e a birra não será cessada, apenas estimulada. De acordo com a pediatra Liubiana Arantes de Araújo, presidente do Departamento de Pediatria do Desenvolvimento e Comportamento da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP):
“A maior ferramenta é sempre o afeto”
Liubiana Arantes de Araujo
Comunique-se de forma paciente, ouça conscientemente o que a criança tem a dizer e formule uma resposta à altura, tentando dar uma solução para o problema. Por diversas vezes tendemos a reagir ao que nos é expresso ao invés de realmente ouvir, compreender e posteriormente responder.
A comunicação não violenta, conceito cada vez mais estudado no ramo da psicologia, preza por isso. Seja compassivo e busque resolver o problema com paciência, respeito e empatia com os pequenos.
3-Imponha limites e seja sincero
Apesar da conversa ser a base para resolução dos conflitos, algumas crianças tendem a repetir padrões de comportamento para conseguirem o que desejam. Por exemplo, se certa vez a criança lhe pediu um brinquedo, você negou e logo em seguida ela fez uma birra e seu desejo foi concebido para que o estresse fosse cessado, provavelmente ela vai voltar a repetir esse comportamento para lidar com outras situações de frustação.
Portanto, impor limites é necessário. Se ao observar a criança e perceber que suas birras muitas vezes são formas de conseguir o que deseja, esclareça que as coisas não funcionam dessa maneira e seja sincero sobre os fatos. Isso contribuirá com sua posição de respeito diante dos filhos e eles aprenderão a lidar melhor com as possíveis rejeições que enfrentarem ao longo da vida.
É importante lembrar que de acordo com a ciência, a birra em determinado momento da infância (principalmente nos primeiros meses de vida) é considerada normal, pois o neurocórtex, parte superior do cérebro responsável pela autonomia, racionalidade e reflexão, ainda não está completamente desenvolvido. Apesar disso, é necessário estar sempre atento ao comportamento das crianças, se a birra tornar-se algo frequente, é aconselhado buscar a ajuda de um psicólogo.