Introdução Alimentar é um assunto delicado, principalmente para as mães. É chegado a hora em que a criança sai da amamentação exclusiva e passa a receber alimentos externos. Contudo, não é necessário que a amamentação seja interrompida durante o processo.
Segundo a Organização Mundial da Saúde, a criança deverá continuar sendo amamentada até os dois anos ou mais. A diferença é que após os seis meses de vida, essa amamentação não é mais exclusiva e sim, compartilhada com demais alimentos.
Como começar a introdução alimentar?
Calma, pais. Entendemos que o processo pode assustar um pouco, mas ele faz parte do desenvolvimento natural das crianças. O ideal é que essa introdução comece aos poucos, de forma gradual e lenta, sempre respeitando o ritmo completamente individual da criança que está passando pelo processo.
É bastante comum que nas primeiras fases, as crianças sintam afinidade com alguns tipos de alimentos e passe a desconsiderar outros que, naquele determinado momento, não agradam o paladar. Com o tempo, ela vai se acostumando à nova rotina e às novas experiências.
Um dos erros muito comuns no preparo da papinha do bebê, é colocar todos os ingredientes juntos e misturados, pensando em oferecer uma refeição mais nutritiva para a criança. Porém, ao fazê-lo, a gente acaba confundindo o paladar infantil, que fica confuso com tanta informação.
O ideal é que você vá oferecendo alimentos aos poucos, de forma individualizada, para que ela sinta os sabores de cada alimento e assim, consiga identificar o que ela sente afinidade ou não.
Quando há a recusa de um determinado alimento, não desanime e nem force a criança a comer naquele momento.
Deixe para que em outra oportunidade, ela identifique se ela gosta ou não daquele sabor ou textura. Entenda que também é uma fase de adaptação para ela, que está descobrindo outros sentidos e sabores.
Segundo informações cedidas pelo Ministério da Saúde, um alimento deve ser oferecido, aproximadamente, oito vezes até que a criança consiga aceitá-lo (e ainda assim, em diferentes versões, como cozido, assado ou cru).
O que eu devo oferecer durante o processo de introdução alimentar?
Essa é outra dúvida muito pertinente e importante. Segundo a Associação de Pediatria, o ideal é que seja oferecido uma alimentação balanceada nutricionalmente falando, com macro (gorduras, carboidratos e proteínas) e micro (vitaminas, ferro e zinco).
Para não errar nessa conta, sugerimos seguir o grande grupo dos quatro: Hortaliças e Frutas (01), Cereais e tubérculos (2), grãos (3) e ovos e carnes (4).
Através dessa composição balanceada, conseguiremos fornecer para os nossos pequenos, a quantidade ideal de sais minerais, vitaminas, energia e proteínas para que o mesmo se desenvolva com qualidade e tenha um crescimento sadio, dentro do adequado para sua idade.
Outra sugestão é que a introdução de peixes, ovos e glúten seja realizada com sucesso até o oitavo mês, para que sejam minimizadas as possibilidades de desenvolvimento de alergias e intolerâncias.
Como oferecer os alimentos da forma adequada?
Eu sei que os seus pais e avós vão sugerir para que você bata todos os ingredientes no liquidificador e depois, ainda passe por uma peneira e só então estes sejam oferecidos às crianças. É preciso abolir essa ideia da mente nesse momento!
O ideal é que você tenha um cardápio semanal equilibrado e amasse apenas com o garfo os grupos de alimentos daquela refeição, fazendo com que a criança desenvolva o hábito de mastigar e deglutir.
Outra dica bastante importante neste processo é que você não misture todos os alimentos, fazendo uma grande “salada”. O ideal é que você escolha alguns grupos de alimentos e os deixe de forma isolada, liberando a criança para a fase de experimentação.
Por exemplo, vamos supor que você escolheu colocar batatas com feijão e carne moída. Ao invés de misturar tudo numa grande papinha, ofereça os alimentos num prato separado e deixe que a criança descubra sozinha as texturas que cada um dele tem, bem como seu sabor de forma individualizada.
O que evitar nesse primeiro momento?
Nem todos os alimentos são indicados para a fase de introdução alimentar. Alguns, inclusive, são recomendados de serem oferecidos após os dois anos de idade, como o mel e a pipoca.
Outros alimentos processados como salgadinhos, cafés, balas, açúcares, salsicha, enlatados, refrigerantes, entre outros, devem ser evitados ao máximo, justamente por conter muitos condicionantes, o que bagunça o paladar da criança. Deixe que nesse momento, ela consuma uma alimentação mais equilibrada possível.
Quanto ao sal, saiba maneirar. Não é necessário que você faça uma comida muito salgada, porque eles estão se adaptando a essa nova rotina. Opte por colocar sabor com hortaliças, como cheiro verde, pimentão, cebola, alho, entre outros.
Mas, novamente, tome cuidado com os exageros. O ideal é que a criança experimente o gosto do alimento oferecido e qualquer estímulo em grande quantidade pode acabar atrapalhando esse processo como um todo.
Hora da refeição na introdução alimentar
Chegou a hora mais importante do dia! O momento da refeição deverá estar prescrito no roteiro da família e deve ser feito com todos os integrantes da família juntos, na mesa, num local tranquilo e calmo para que a criança aprenda a assimilar esse momento.
O ideal é que ela sinta esse momento como algo prazeroso, onde ela deve focar exclusivamente na alimentação. Por isso, evite levar à mesa celulares e TVS, qualquer coisa que possa prender a atenção da criança ou distraí-la, porque isso pode atrapalhar todo o processo.
Deixe que ela experimente a comida com as mãos, mesmo que você tenha oferecido a colher. Lembre-se: agora é a hora dela testar todos os limites e conhecer o mundo através da exploração.
Deixe que ela experimente os alimentos que quiser e da forma que ela quiser. Não fique brigando com ela caso haja bagunça. Tudo faz parte do aprendizado.
Por fim, se ela não conseguir comer tudo o que você colocou, não fique ameaçando ou colocando ela de castigo. É um processo natural do corpo em se adaptar e é preciso que haja paciência, inclusive, com ela. A família toda precisa se habituar à nova rotina.
Como montar a rotina alimentar
A indicação é que a introdução comece com a oferta de duas papinhas de fruta e uma de legume diariamente, pelo menos, durante o primeiro mês. A papinha de fruta deve ser variada, ou seja, cada vez que você for oferecer, deve ser de uma fruta diferente. Se você deu uma de mamão, que a próxima seja de banana ou de abacate, e assim vai.
A papinha de legumes deve conter um alimento de cada grupo alimentar que citamos acima:
- Cereais e tubérculos: batata-doce, arroz, macarrão, inhame, etc.
- Grãos: lentinha, soja, feijão, grão-de-bico, etc.
- Hortaliças: quiabos, tomate, folhas verdes, cenoura, beterraba, etc.
- Ovos e Carnes: ovo de codorna, boi, peixe, frango, pato, miúdos, vísceras, etc.
Lembrando que a criança está se acostumando com tudo nesse primeiro momento, então, o ideal é que o cardápio seja variado (cada dia um prato diferente).
Amassando com o garfo, já basta para que você consiga aquela consistência mais pastosa. Conforme o processo de introdução alimentar for tendo resultado, você vai amassando menos com o garfo e deixando que a criança passe a experimentar em formatos maiores.
Entre os intervalos das refeições, os pais podem oferecer água filtrada. Evite o oferecimento de suco e água no momento da refeição para não tomar o apetite da criança. A refeição deve ser feita em família e devemos levá-la do modo mais natural possível.
Abaixo, separamos as tabelas de recomendação do Ministério da Saúde para crianças amamentadas e crianças não amamentadas. Veja:
Em todo o caso, também indicados que os pais tirem todas as dúvidas com o pediatra da criança, que vai saber orientar melhor durante o processo.
Por mais que seja uma fase de novas descobertas, é fundamental que a gente respeite o tempo de cada criança. Sabemos que é desafiador, mas com muito amor e doses extras de paciência, a família passará por mais essa adaptação.