Para psicólogos, muitos pais que sofreram com castigos físicos na infância acabam repetindo esse comportamento, uns por acreditar ser a maneira correta de educar, outros por não saber agir de outra forma.
Educar uma criança não é fácil. As dúvidas existem e muitos pais acabam replicando o que vivenciaram nessa época em sua vez, o que abre espaço para os castigos físicos e emocionais.
Os castigos abalam a confiança da criança, eles causam dor e vergonha, dão uma sensação rápida de colaboração, mas na verdade, convidam os filhos a uma rebelião futura, problemas comportamentais.
Os efeitos negativos do uso do castigo físico também envolvem agressividade, problema na socialização e distanciamento emocional dos pais e responsáveis. Mesmo com pesquisas comprovando os problemas dos castigos, alguns pais ainda acham que eles são o caminho certo para uma educação efetiva.
Segundo uma pesquisa publicada pela Sociedade Internacional para prevenção ao Abuso e à negligência Infantil, adultos que recebiam castigos físicos quando crianças corriam maior risco de fazer uso abusivo de álcool e de drogas e tinham mais probabilidade ao suicídio.
Ligado a isso, em 2016 o Journal of Family Psychology analisou dados de 160 mil participantes e concluiu que os castigos físicos estão relacionados a indicadores negativos, como prejuízos à saúde mental.
Além disso, causam dificuldades no âmbito educacional também. Ao serem castigados frequentemente, os pequenos liberam uma maior quantidade dos hormônios do estresse, como cortisol e adrenalina, e isso diminui a capacidade de foco e concentração da criança.
Como estabelecer um diálogo saudável com as crianças?
São muitos os motivos para entender que o caminho da educação na infância não envolve humilhação e dor, e que existem milhares de outras formas de educar os pequenos.
Diálogos firmes fazem parte de uma maneira eficaz e legítima de educar seus filhos, dizendo não quando necessário, ensinando regras e explicando o porquê não se pode ter determinadas atitudes.
Essa forma de educação ajuda no desenvolvimento de habilidades emocionais e de comunicação dos pequenos, já que eles não vão sentir necessidade de fazer as famosas birras e escândalos quando forem discordados.
As crianças também vão se sentir validados e vão construir um laço de confiança muito forte com os pais, tendo a liberdade de conversar sobre suas vontades, e de sentar e ouvir o que podem e o que faz sentido fazerem e o que não.
Assim, o diálogo com a criança vai se tornar algo benéfico tanto para os filhos quanto para os pais, servindo de aliado para a resolução de impasses que podem surgir nessa fase, oferecendo a oportunidade das crianças de dizerem o que sentem e dos pais de explicarem as regras da sociedade e como trabalhar para que às duas partes saiam felizes e entendidas com a resolução final.
O castigo mais atrapalha do que ajuda, por isso quando necessário, opte sempre que possível por uma maneira mais pacífica e gentil para lidar com as crianças e com as dificuldades encontradas nesse caminho complexo que é educar um filho.