Conheça a origem das bruxas e a história do Halloween

Maria Slemenson/ Educar para Crescer

Mesmo aqueles que não tiveram uma infância cercada de contos de bruxaria saberão dizer o que é uma bruxa. Provavelmente a descreverão como uma velha enrugada com uma grande verruga no nariz, que usa chapéus compridos e pontudos, roupa preta e voa em uma vassoura mágica. Faz experimentos em seu caldeirão, acompanhada por um gato preto. Não à toa essa é a imagem que nos vem à mente: contos infantis e filmes hollywoodianos reforçam o papel da bruxa como a velhota malvada.

Para entender de onde surge essa influente personagem literária, é necessário fazer uma viagem no tempo. Em meados do segundo milênio a.C., os celtas surgiram na Europa Central e difundiram sua religião, uma das mais antigas do mundo. A raiz filosófica-espiritual era baseada na reverência a duas grandes divindades: A Deusa-Mãe e o Deus Cornífero.

Acreditava-se que esses deuses garantiam a prosperidade da descendência, da agricultura, do gado e o sucesso da guerra. Os druidas, praticantes da religião celta, ensinavam a arte da agricultura, da cura com ervas, da caça, entre outras coisas. Realizavam festas ritualísticas em homenagem às divindades, além de iniciarem as pessoas nos preceitos da arte mágica. Eles também eram versados em muitas artes de adivinhação, acreditavam na comunicação com os espíritos da natureza e na previsão do futuro.

Daí surge a ideia de bruxaria, práticas intermediárias entre o plano dos deuses e dos homens. As produções literárias têm seu pé nessa cultura. Muitas bruxas retratadas nos contos de fadas são personagens com poderes especiais, capazes de feitos inacessíveis a pessoas comuns e, por essa razão, muitas vezes representadas como aterrorizadoras.

Então, antes de começar a leitura de contos de bruxas com seu filho, tire suas dúvidas abaixo:

Por que no Halloween a brincadeira é se vestir de bruxa?

O Halloween é uma festa tradicionalmente celebrada por bruxos, por isso, o hábito de nesta data é vestir-se de bruxa. Nos Estados Unidos, lugar em que se mantém viva, chegou no século XIX levado pelos imigrantes irlandeses e por lá ficou. Mas também é festejada em outros países ocidentais.

Sua comemoração está relacionada à passagem das estações: simboliza o final do verão e a chegada do inverno. Por conta da localização geográfica dos países, no Hemisfério Norte, como nos Estados Unidos, esta passagem é festejada no dia 31 de outubro. No Hemisfério Sul, no Brasil, por exemplo, seria festeja no dia 1 de Maio.

Porém, devido à forte influência da cultura americana no Brasil, incorporamos além da tradição, sua data de comemoração.

Sua origem, porém, é outra. O Dia das Bruxas, conhecido também por Samhain, é um dos rituais que eram praticados pelo povo celta na Europa há mais de 2,5 mil anos. As festas eram realizadas para homenagear os antepassados, pois se acreditava que as almas dos mortos retornavam às suas casas para visitar os familiares, buscar alimento e se aquecer no fogo da lareira. Costumava-se fazer fogueiras nas colinas, deixar bolos ao ar livre e acender velas deixando-as queimar até o nascer do sol, o que representava sorte.

Por que nos contos de fadas há bruxas más, lobo mau e outros vilões?

Isso não é por acaso. Essas histórias dizem verdades a respeito da humanidade e de nós mesmos – nossas vontades, alegrias e tristezas.

Por isso, são tão recomendáveis de serem apresentados às crianças. A bruxa má, o lobo mau e outros vilões fazem parte deste universo de coisas, pessoas e situações que nos apavoram ou que não sabemos como resolver.

No faz-de-conta criado pelas histórias, as crianças encontram respostas – mesmo que simbolicamente — para seus medos e angústias.

Podem se identificar com as personagens e a partir das aventuras e soluções encontradas por elas, pensar sobre alguns dos desafios que a vida apresenta. A boa notícia é que nos contos de fadas, mesmo que existam bruxas más, não se deve nunca esquecer que também existem boas fadas, que são muito mais poderosas!

Quando começar a ler contos de fadas para meu filho?

As crianças pequenas, por volta de 2 e 3 anos de idade, já se interessam pelos contos de fadas. Costumam preferir as histórias com o lobo mau. Os Três Porquinhos, Os Sete Cabritinhos e Chapeuzinho Vermelho são algumas de suas preferidas. O fato de a figura malvada ser um animal cria uma distância em relação à criança e ao mundo dos seres humanos. Deste modo, fica mais suportável conviver com a ideia do mau.

Mais adiante, quando a criança tem por volta de 5 e 6 anos e superou muitos contos com o lobo mau, já se sente mais corajosa para enfrentar outros medos. Aí então a bruxa rouba a cena. É quando as crianças pedem pela história A Bela Adormecida, Rapunzel e João e Maria. Nessa nova fase, podem tolerar que a senhora aparentemente inofensiva que oferece a maçã vermelha para Branca de Neve, na realidade, não é uma boa pessoa: é a malvada da bruxa disfarçada. Aceitam, portanto, que o mau esteja ainda mais próximo delas e que possa ter hábitos e características humanas.

E se meu filho tiver muito medo da bruxa?

Apesar de ser muito recomendável a leitura de histórias com bruxas para as crianças e, principalmente, elas gostarem muito de ouvi-las, muitas vezes essa apresentação requer moderação. A figura do mal, muito provavelmente, provocará medo e espanto no seu filho. E não se trata de apavorá-lo, claro. Caso ele manifeste desconforto diante de histórias com bruxas, é o momento de ler outros livros, ou ao menos, intercalar histórias mais assustadoras com outras de temáticas variadas. Quando ele se sentir mais seguro, certamente irá pedir para tirar aquele livro da estante de novo.

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