Os primeiros passos do bebê são um marco importante não apenas para a família, mas também para o desenvolvimento do pequeno. É uma fase inevitavelmente composta por grandes expectativas por parte dos pais.
Acontece que isso pode ser transmitido para a criança, fazendo com que ela se sinta pressionada e insegura na hora de andar.
Cada criança tem seu próprio ritmo de desenvolvimento, e não há uma resposta adequada para o momento correto de dar seus primeiros passos. É o próprio comportamento da criança que demonstra se ela está preparada ou não para novos desafios.
No entanto, quando a criança demonstra um medo excessivo para encarar determinadas experiências, é preciso observar o que pode estar causando isso, e verificar o que pode ser feito para reverter a situação para não atrapalhar seu desenvolvimento. Confira a seguir o que fazer quando o bebê tem medo de andar.
É normal que a criança tenha medo de andar?
O processo de começar a andar envolve uma série de novos aprendizados para a criança. Isso tudo representa também um grande desafio, já que ela começará a usar seu corpo de maneira diferente da que está acostumada (estando sentada, deitada ou ao engatinhar). Em decorrência disso, é normal que a criança demonstre certa insegurança, mas isso não deve ser reforçado pelos pais.
Para se deslocar, o bebê precisa assumir uma posição ereta e ter coordenação motora e equilíbrio. São habilidades que ele só vai desenvolver treinando, ou seja, andando mesmo. Por isso, aprender a andar requer alguma coragem por parte da criança, o que deve ser incentivado pelos pais e demais familiares que convivem com ela.
As quedas são recorrentes nessa fase. Como o bebê não tem como prevê-las, acabam sendo experiências que podem gerar susto e surpresa.
Mas elas fazem parte do processo de aprender a andar, e são inevitáveis. Os pais precisam tomar cuidado para que algo simples e natural não se torne motivo de medo e insegurança para seus filhos.
Para evitar que isso aconteça, os pais precisam cuidar para que suas preocupações não interfiram no aprendizado da criança. É preciso deixar a criança livre, sem limitar seus movimentos, por mais que a vontade e o instinto sejam de protegê-la e evitar quedas.
Isso é importante porque as crianças podem assimilar o medo dos pais e acabar entendendo que andar é algo muito perigoso. Se os pequenos não receberem doses contínuas de estímulo e confiança dos pais, podem se sentir desmotivadas a aprender a andar.
Confira a seguir o que fazer diante dessas situações.
Como os pais podem lidar com o medo de andar?
Para que as crianças tenham condições de enfrentar esse medo, é preciso contar com a ajuda dos pais. Como o medo está diretamente ligado à sensação de insegurança, é fundamental que os pais tentem acalmar o pequeno e demonstrar que ele está a salvo.
Outra postura importante é dar abertura ao diálogo. Em vez de ignorar o medo que a criança sente, tente conversar com ela a respeito. Deixe-a à vontade para se expressar, e, com carinho, busque formas de desconstruir esse sentimento.
Evite forçar a criança a andar quando ela estiver com muito medo. Pressioná-las a enfrentar a situação sem que ela compreenda o que está sentindo pode intensificar o sentimento. O melhor caminho é cercar o pequeno de incentivos e motivação. Permita que ela fale sobre o que a aflige, mas cuidado para não intensificar o sentimento de medo.
Algumas técnicas podem fazer toda a diferença para que a criança perca o medo de andar, como usar seus brinquedos como incentivo e estimular a sua curiosidade. Confira mais detalhes no tópico a seguir.
Como incentivá-la a andar?
Desde o nascimento, o bebê passa por experiências e estímulos que contribuem com o desenvolvimento da coordenação motora e o fortalecimento da musculatura. Demonstrações como levantar a cabeça, rolar sobre o próprio corpo e engatinhar fazem parte desse processo, e contribuem para que, ao se aproximar do seu primeiro aniversário, as crianças estejam preparadas para começar a andar.
Primeiro, o bebê aprende a ficar de pé, usando móveis ou outras pessoas como apoio. Cerca de três ou quatro meses depois disso, começa a andar. A maneira mais clássica de estimular isso é se posicionar à frente dele e chamá-lo com as mãos, atraindo-o para a sua direção.
Além dessa, há diversas outras dicas que podem fazer com que o processo de aprender a andar seja mais tranquilo. Confira a seguir algumas formas de evitar que a sua preocupação seja percebida pelo seu bebê.
Tenha paciência e evite comparações
Antes de qualquer coisa, é importante ter paciência e lembrar que cada criança tem o seu tempo. Não force-a a ficar de pé ou a caminhar se ela não quiser. Evite impor a sua vontade ao seu filho, e, principalmente, não compare-o a outras crianças.
É justamente porque cada bebê tem seu próprio tempo dentro do que é esperado para o desenvolvimento que faz com que esse processo seja único. Não há uma idade certa para a criança andar, e sim um período: entre 10 e 18 meses.
Isso pode significar uma razoável diferença de tempo entre uma criança e outra, gerando ansiedade para os pais. Mas se um bebê leva um pouquinho mais de tempo para começar a andar, isso não necessariamente indica um atraso neurológico ou neuromotor, ou nem mesmo que ele foi pouco estimulado em seu ambiente. É apenas o tempo de cada criança.
Por isso, evitar comparações e imposições é o melhor caminho para evitar frustrações – para os pais e, principalmente, para a criança.
Não dê broncas
Como dito antes, para começar a andar o bebê precisa se arriscar e aprender novas formas de utilizar o próprio corpo. Isso requer confiança, e, nesse sentido, a atenção dos pais é decisiva.
Quando a criança tropeçar, derrubar algo ou trombar em algum móvel, alerte-a carinhosamente. Manifestações impacientes (como broncas) podem deixar a criança retraída, e até mesmo levar ao atraso do seu desenvolvimento motor.
As quedas fazem parte do processo. É importante ficar atento, mas não dá para evitá-las a todo custo, pois são também necessárias para a construção da noção da criança sobre o próprio corpo.
Encare as quedas com naturalidade, e ofereça acolhimento ao pequeno quando elas ocorrerem. É caindo que ela vai aprender a se equilibrar e a adquirir tolerância, persistência e confiança em seu desempenho.
Incentive a curiosidade
As competências e habilidades aprendidas ao brincar são muito úteis para que o seu filho comece a dar os primeiros passos. Além disso, as brincadeiras servem também como um incentivo.
Sendo assim, estimule-o a se movimentar, a rolar no chão, a se interessar por pessoas, objetos, cores e sons do ambiente. Tudo isso servirá como estímulo para que ele deseje explorar o que está à sua volta.
Permita que a criança experimente o chão, faça seus próprios trajetos e descubra novas texturas com os pés e as mãos. Fique sempre por perto, pois ela pode cair, se assustar ou precisar de ajuda.
Ande junto ou chame-a até você
Andar junto de alguém que ela ama pode ser uma atividade prazerosa para a criança, além de servir como um incentivo. Estimule-a a andar junto com você, primeiro segurando as duas mãos, depois soltando uma delas, e assim por diante. Permita que essa seja uma descoberta divertida e gratificante para ela.
Como mencionado antes, uma ideia clássica e que dá muito certo é ficar a uma pequena distância da criança e chamá-la até onde você está. À medida que ela vai adquirindo confiança, aumente a distância.
Você também pode ensiná-la a utilizar os móveis ao seu redor para se levantar e se apoiar durante o trajeto. Use os brinquedos que seu filho mais gosta e deixe-os afastados para que ele tente pegá-los.
Evite usar andador para ajudá-lo a andar
Apesar de ser um meio para dar autonomia e facilitar o deslocamento da criança, o andador não é considerado uma opção segura. Crianças pequenas não têm maturidade para administrar a liberdade que esse acessório proporciona, o que faz com que ele seja responsável por muitos acidentes, que podem ser até mesmo fatais.
Além disso, o andador também pode atrasar o desenvolvimento psicomotor dos pequenos, pois, ao utilizá-lo, a criança deixa de fortalecer os músculos e tendões de suas pernas que são essenciais para que ela dê os primeiros passos sozinha.
O equipamento é contraindicado por pediatras e especialistas em segurança infantil de todo o mundo. No Brasil, a Sociedade Brasileira de Pediatria, em conjunto com outras organizações, trabalha ativamente para banir o uso do andador infantil no país. Países como o Canadá já proibiram a comercialização desses dispositivos.
Deixe descalço, ou vista calçados adequados
Em um primeiro momento, é interessante deixar seu filho descalço quando ele estiver aprendendo a dar os primeiros passos. Ao sentir o chão, a criança se sentirá mais segura e isso também dará mais aderência aos seus passos.
Além disso, ao estar descalço ela consegue captar o máximo de informações sensoriais, tanto do ambiente quanto a respeito do seu próprio corpo. Assim, consegue planejar respostas adequadas e ativar os músculos necessários para cada movimento.
Meias antiderrapantes podem ser boas opções, mas vista seu filho com elas apenas nos dias frios, e depois que ele já estiver habituado a andar descalço.
Em relação aos calçados, dê preferência para aqueles que são mais molinhos (e por isso permitem movimentos), confortáveis e com solas mais finas, de borracha. Esses modelos possibilitam sentir melhor o chão, sem escorregar. Evite modelos rígidos, e certifique-se de sempre escolher o tamanho certo.
Explore estímulos diferentes para incentivá-lo a andar
Que tal explorar esse momento de curiosidade da criança para possibilitar que ela explore estímulos variados? Depois que ela já tiver conquistado alguma confiança para andar em casa, leve-a para passear em um parque ou em uma praça perto de casa.
A riqueza de estímulos externos em contato direto com a natureza pode servir como uma motivação a mais para fazê-lo andar e sentir as texturas (como da grama, das folhas e dos troncos das árvores).
Cuidado com quinas, móveis e outros elementos do ambiente
Nessa fase, os pequenos aprendem a explorar o ambiente, e por isso ficam mais vulneráveis a diversos riscos.
É preciso redobrar a atenção para identificar e eliminar todos os elementos que possam representar um perigo para a criança: quinas de móveis, escadas, objetos pequenos e pontiagudos, móveis mais leves que podem virar sobre a criança se ela se apoiar neles, uma toalha de mesa que ela pode puxar, cabos de panelas, e assim por diante.
Tomar providências acerca desses itens vai reduzir as chances de que a criança se envolva em acidentes domésticos e fará com que os pais fiquem mais tranquilos durante todo o processo. É importante que todos os envolvidos possam aproveitar essa fase para que seja, de fato, um momento gratificante de aprendizado.
Além disso, também vale a pena tomar outros cuidados. Evite deixar a criança andar em chão muito áspero ou em ambientes com tomadas expostas. Esteja sempre por perto e atento, pois isso dará maior segurança para ela. Além disso, se ela cair, trombar em algum móvel ou se assustar, é importante que você possa acolhê-la, se necessário.
Lidar com novos desafios pode ser intimidador, mas se a criança receber os estímulos necessários, estará apta a enfrentá-los com coragem e resiliência.
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